Maior medalhista brasileiro, Torben Grael dá adeus a carreira olímpica

17.8.11 | Marcadores:
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Sem um comunicado oficial, o maior medalhista olímpico brasileiro, o velejador Torben Grael, afirmou na manhã desta quarta-feira, durante a apresentação do novo patrocinador do barco do filho Marco Grael e do companheiro André "Bochecha" Fonseca, que não pretende disputar mais um ciclo olímpico.

Torben afirmou que a falta de apoio, de treinos, e da exclusão da classe Star da Olimpíada do Rio 2016 fizeram com que ele e o companheiro de barco, Marcelo Ferreira, começassem a pensar em uma aposentadoria.

"Praticamente depois de Atenas em 2004 fizemos poucas competições de Star. Dediquei-me mais as regatas de Volta ao Mundo de 2005/2006 e de 2008/2009, o que acabou me deixando um pouco afastado da classe Star. E aí a gente sente falta de ritmo. E para voltar ao ritmo que tínhamos antes, era necessário uma dedicação muito forte, um trabalho constante e com uma preparação voltada para uma campanha olímpica", afirmou.

"Mas acabou que não conseguimos nos dedicar aos treinamentos como deveríamos ter feito para voltar ao estágio de antes", emendou o maior medalhista olímpico brasileiro - com dois ouros (Atlanta 1996 e Atenas 2004) e dois bronze (Seul 1988 e Sydney 2000) na classe Star e uma prata na Soling (Los Angeles 1984).

O fim da classe Star na Olimpíada do Rio de 2016 divulgado pela ISAF (Conselho da Federação Internacional de Vela) no início de maio fez com que o velejador começasse a pensar na aposentadoria olímpica. Após a etapa da Holanda da Copa do Mundo de Iatismo, no mesmo mês, quando a dupla ficou em sétimo, a ideia começou a tomar forma e a fazer parte das conversas.

"Acho que diante das dificuldades de encontrar um patrocinador e de treinar. E a saída da classe Star de 2016 ajudou na nossa decisão de antecipar a aposentadoria. Eu e o Marcelo já estávamos com essa ideia. Mas lógico que todos esses acontecimentos acabaram dando um empurrão a mais".

Segundo Torben, as últimas competições estavam sendo disputadas com recursos próprios. O COB (Confederação Olímpica Brasileira) os ajudou comprando um barco, mas os gastos com passagens, hospedagem, alimentação, era tudo por conta dos atletas. Para o maior medalhista, uma campanha olímpica de alto nível é cara. E não havia condições de ficar financiado essas competições.

"Nos últimos tempos estávamos disputando recursos até com os meus filhos (Marco e Martine Grael). O mais triste é ter que parar por causa de falta de incentivos. Mas em algum momento isso teria que acontecer", afirmou.

Torben quer seguir vida no esporte
Torben garante que não deixará o esporte, e que continuará correndo pela classe Oceano. Embora não tenha mais tempo para participar da terceira Volta ao Mundo que começará dia 29 de outubro, na Espanha. Ele não descarta a possibilidade de estar na próxima.

"Fiz as duas últimas regatas da Volta ao Mundo. Não vou fazer a próxima. Mas a seguinte posso estar. A vela é um esporte que tem um horizonte muito grande. Tem muita coisa ainda para eu fazer no mar. Acho que a vela é um esporte onde as pessoas dificilmente param. Você vai mudando o enfoque, mas parar nunca".

O iatista pretende encarar a classe Star agora apenas como um velejador normal, não mais como um competidor. Mas deixa o futuro em aberto. "Vou continuar velejando a Star, mas de forma descontraída, como a maioria dos praticantes da classe no Brasil. Por enquanto, esse é o meu plano".

Segundo ele, se a classe Star não for eliminada da Olimpíada Rio 2016, há a possibilidade de um retorno. "A gente teria que avaliar isso para ver se valeria a pena. Poderemos reavaliar. Ver as condições que teremos para treinar e nos prepararmos. Porque não adianta competir senão tivermos condições de lutar por uma medalha".

Orgulho da família Grael
Com 51 anos, o pai Torben Grael fala com orgulho das escolhas dos dois filhos, Marco e Martine Grael. Embora garanta que apenas plantou o amor de velejar no coração dos pupilos.

"Eu e minha mulher sempre os incentivamos a velejar, a praticar e curtir o esporte. Sempre tivemos essa paixão e eles acabaram se apaixonando também. Mas a parte de competir foi iniciativa deles. Eu nunca os empurrei para competir. Mas quando eles começaram, fizemos o possível para eles tivessem condições de participar. E daí para a frente foi por conta deles".

Martine Grael está lutando com a iatista Isabel Swan por uma vaga nos Jogos de Londres, na classe 470. Já Marco Grael vem treinando em Porto Alegre com o companheiro André Fonseca na classe 49er para que o sobrenome Grael continue fazendo parte do pódio olímpico brasileiro.

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